O governo continua a bater na tecla de que os
carros vendidos no Brasil são caros demais e a tentar empurrar a culpa
para as elevadas margens de lucro das fabricantes.
Ontem (25), uma audiência da Comissão de Assuntos Econômicos,
requerida pela senadora Ana Amélia (PP-RS), voltou a discutir o tema a
fim de identificar aonde a composição do preço dos carros vendidos no
Brasil é diferente de outros países e procurar uma causa para os valores
altos.
Ana Amélia (PP-RS), que levantou a questão ainda em 2013,
discursou durante a audiência e destacou que a carga tributária
brasileira é semelhante à de outros países e que o Governo ainda deu
sucessivos incentivos para a categoria, em uma tentativa de isentar a
administração pública do problema.
No entanto, a realidade é que a máxima de que o brasileiro
paga muito mais por seus carros nem sempre é mais verdadeira. Na
Inglaterra, um Honda CR-V topo custa o equivalente a R$ 124 mil, mais
que os R$ 115.900 pedidos por um CR-V EXL com tração integral no Brasil.
Um Volkswagen Passat Highline, vendido aqui por R$ 118.150, custa na
Alemanha, país de origem do carro, o equivalente a R$ 123 mil na mesma
configuração.
Tanto que o presidente da Anfavea, Luiz Moan, presente na
audiência, destacou que os carros não são caros no Brasil, nem que as
montadoras têm lucros maiores aqui. O executivo afirma que as
fabricantes pagam 54% de carga tributária e o lucro médio anual foi de
2,9% entre 2003 e 2011.
Já o presidente da Fenabrave - a Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores -, Flávio Meneghetti, reclamou dos
altos impostos, mas concorda que as fabricantes ficam com uma parcela
pequena do valor pago por cada carro. Tanto é que quando o IPI foi
reduzido entre 2012 e 2013, as vendas aumentaram substancialmente.
É bem certo que em países como os Estados Unidos, o valor
ainda é de fato menor, principalmente em segmentos mais inferiores, com
carros vendidos aqui na faixa dos R$ 65 mil custando pouco mais de US$
20 mil por lá - caso do Honda Civic. Ou de um Ford Focus Titanium, onde o
topo de linha custa por aqui R$ 79.990 e nos Estados Unidos o mesmo
carro custa menos de R$ 57 mil.
Além disso, a qualidade dos veículos foi posta em xeque, dado
o elevado número de recalls feitos nos últimos meses - a maioria, no
entanto, não envolveu somente o Brasil.
Essa disparidade deixa claro que o assunto ainda rende e só
prova que a variação dos preços acontece também em função dos impostos
cobrados sobre o setor e não apenas da ganância das fabricantes.

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