Analistas questionam como Zuckerberg fará o WhatsApp ganhar dinheiro sem publicidade
USA TODAY
Um dia após o Facebook ter anunciado sua maior aquisição, Wall Street
estava preocupada com a possibilidade de a rede social ter pago um
preço altíssimo por uma empresa com poucas perspectivas de trazer muito
dinheiro no futuro próximo.
O Facebook concordou em comprar o WhatsApp, um serviço de mensagens
para celulares em rápido crescimento, por US$ 16 bilhões, além de US$ 3
bilhões em ações oferecidas aos fundadores e funcionários da startup.
O problema é que esses fundadores, Jan Koum e Brian Acton, parecem
detestar anunciantes – e a publicidade constitui o alicerce financeiro
do Facebook. Eles também demonstram aversão à maioria das outras formas
de ganhar dinheiro com serviços ao consumidor na internet.
“A publicidade nos faz sonhar com carros e roupas, trabalhando em
empregos que detestamos para que possamos comprar porcarias das quais
não precisamos”, publicou no Twitter o diretor executivo do WhatsApp,
Koum, em agosto de 2011, citando o personagem Tyler Durden, um dos
protagonistas do filme Clube da Luta.
Em junho de 2012, Koum criou um blog para explicar por que o WhatsApp não vende anúncios.
“Hoje em dia, as empresas sabem literalmente tudo a nosso respeito,
sabem de nossos amigos, nossos interesses, e usam toda essa informação
para nos vender anúncios”, escreveu ele, resumindo bem o atual modelo de
negócios do Facebook, tão admirado por Wall Street.
“A publicidade não é apenas uma perturbação da estética, é um insulto
à nossa inteligência e uma interrupção da nossa linha de raciocínio”,
acrescentou Koum, futuro membro do conselho diretor do Facebook, com o
poder de opinar na administração da rede social. “Lembrem-se: quando a
publicidade está envolvida, o produto é o usuário.” Numa reunião de
teleconferência com analistas a respeito da compra do WhatsApp,
Zuckerberg disse a eles que os anúncios não são a única maneira de
ganhar dinheiro com mensagens.
Isso gerou preocupação em Wall Street. Recentemente, Zuckerberg
resolveu o problema da falta de receita do Facebook nos celulares com
novos tipos de anúncios. Agora, ele gastou quase US$ 20 bilhões para
assumir um problema de ‘monetização’ nas mensagens – e a solução
anterior não pode ser aplicada neste caso.
Incluindo o prêmio em ações, o Facebook está pagando US$ 19 bilhões
pelo WhatsApp. Para justificar tal preço, o WhatsApp teria de gerar
cerca de US$ 1 bilhão em fluxo de caixa anual até 2018, estimou Wieser.
“A empresa ofereceu poucos dados para sustentar tal suposição, pois
são poucos os dados disponíveis”, acrescentou o analista. “E os
administradores indicaram esperar que o WhatsApp se ocupe do produto e
do usuário em vez de encontrar formas de ganhar dinheiro.” Ken Sena,
analista da Evercore, rebaixou a nota dos papéis do Facebook ontem,
dizendo haver um ponto de interrogação envolvendo a melhor maneira de
ganhar dinheiro com serviços de mensagens como o WhatsApp.
Instagram. Wall Street também se preocupou com a forma de ganhar dinheiro a partir do Instagram, e os analistas ficaram aliviados quando o serviço começou a exibir anúncios no ano passado.
Instagram. Wall Street também se preocupou com a forma de ganhar dinheiro a partir do Instagram, e os analistas ficaram aliviados quando o serviço começou a exibir anúncios no ano passado.
Esta opção não vale para o WhatsApp. Em vez disso, o serviço cobra atualmente US$ 1 pelo uso após o primeiro ano.
Se o WhatsApp conseguir que um bilhão de usuários paguem um dólar por
ano, isto pode gerar uma renda anual de US$ 1 bilhão, o equivalente a
um lucro operacional de US$ 600 milhões.
De acordo com a estimativa de Mahaney, isso representaria um ganho de
aproximadamente US$ 0,12 por ação em lucro extra para o Facebook em
2015.
Isso reduziria muito o impacto da emissão de muitas novas ações por parte do Facebook para pagar a aquisição – jogada que dilui o lucro teoricamente disponível para os acionistas da empresa.
Isso reduziria muito o impacto da emissão de muitas novas ações por parte do Facebook para pagar a aquisição – jogada que dilui o lucro teoricamente disponível para os acionistas da empresa.
“Talvez essas suposições soem agressivas, mas existe também a
distinta possibilidade de o potencial de monetização do WhatsApp superar
em muito a marca de US$ 1 por ano”, disse Mahaney.
Mas nem todos estão convencidos desse potencial. Wieser, da Pivotal,
acredita que se o WhatsApp cobrasse US$ 2 por ano, muitos usuários
migrariam para outro serviço de mensagens que cobrasse menos ou não
tivesse assinatura.
Não é difícil para que outra empresa com software competente e
habilidade no desenvolvimento de produtos crie um aplicativo como o
WhatsApp. Já há muitos rivais do WhatsApp, e alguns deles fazem sucesso
em diferentes partes do mundo. O Kakao é grande na Coreia do Sul, o Line
domina no Japão e o WeChat lidera na China.
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