A presidente Dilma Rousseff encerrou os
dois primeiros anos de seu mandato com crescimento médio anual do
Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 1,8%, desempenho que só não foi
pior que o início do governo do presidente Fernando Collor de Mello. Nos
dois primeiros anos do primeiro e do segundo mandatos de Luiz Inácio
Lula da Silva, essa média foi de, respectivamente, 3,4% e 5,6%, e nos de
Fernando Henrique Cardoso, de 3,2% e 2,3%. Já no de Collor, ficou em
0,25%.
Considerando uma expansão do PIB de 3%
este ano (possibilidade colocada em dúvida por alguns economistas) e de
4% no próximo, o governo Dilma fecharia seu mandato em 2014 com
crescimento médio anual de 2,6%. É quase a metade dos 4% a 5%
pretendidos pela presidente. No front externo, a comparação também é
desfavorável ao Brasil, pois, embora economistas ligados ao governo
geralmente associem o baixo crescimento brasileiro à crise
internacional, o crescimento de 0,9% do PIB do Brasil em 2012 foi o pior
entre os países do Bric - que inclui também Rússia, Índia e China - e
ficou acima apenas do resultado na Europa.
A China, por exemplo, avançou 7,8%,
enquanto a economia mundial cresceu 3,2% no ano passado. No conjunto dos
países da zona do euro, a economia encolheu 0,5%. “O mais importante é
que a crise foi externa, não interna. Desta vez, a crise foi produzida
lá fora e tivemos resposta muito boa à crise, mas é inevitável que a
economia desacelere”, comentou em Brasília o ministro da Fazenda, Guido
Mantega.
Críticos da política econômica citam a
comparação internacional para dizer que fatores internos pesam mais na
desaceleração da economia brasileira do que a crise externa. Mesmo na
América Latina o crescimento foi maior: o PIB do México avançou 3,9% ano
passado. Segundo Felipe Queiroz, economista da agência de risco Austin
Rating, a crise internacional e o baixo crescimento nos países
desenvolvidos afetam sim os países emergentes como o Brasil. Nesse
contexto, as economias emergentes se voltaram para seus mercados
internos.
A diferença do Brasil para os demais
Brics está na estrutura da economia e na condução da política econômica,
diz Queiroz. “Aqui ainda temos uma baixa taxa de poupança, dependemos
de recursos externos e ficamos vulneráveis a ânimos e expectativas de
investidores internacionais de curto prazo.” Por sua vez, Índia e China
crescem com pesados investimentos. Segundo ele, a taxa de investimento
da Índia está em 34% do PIB. Na China é de 48%. No Brasil, ficou em
apenas 18,1%. Assim, embora tenha um mercado interno grande e em
expansão, o avanço do consumo no Brasil acaba sendo suprido por produtos
de outros países, sobretudo na indústria. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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